domingo, 7 de novembro de 2010

Abusos na Prescrição e Uso dos Medicamentos Tarja Preta

O Brasil é o maior consumidor mundial de anfetaminas com finalidade emagrecedora: 9,1 doses diárias para cada 1000 habitantes, segundo relatório divulgado e encaminhado a ONU, pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE),
A utilização de psicofármacos tem crescido nas últimas décadas em vários países ocidentais e, até mesmo, em alguns países orientais. Esse crescimento tem sido atribuído ao aumento da frequência de diagnósticos de transtornos psiquiátricos na população, à introdução de novos psicofármacos no mercado farmacêutico e às novas indicações terapêuticas dos psicofármacos já existentes.

O consumo indevido de medicamentos em geral, e de psicotrópicos em particular, representa um grande problema de saúde pública e os anabolizantes e derivados anfetamínicos se destacam entre os medicamentos utilizados como drogas de abuso.

"A ingestão de medicamentos sem indicação médica é um problema gravíssimo que pode trazer consequências muito sérias para o paciente, que vão desde a intoxicação mais amena ao óbito", alerta Márcia Gonçalves, coordenadora do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), programa da ANVISA implantado em 2007 para monitorar as vendas de produtos controlados realizadas em farmácias e drogarias brasileiras, conforme acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. Desde então, algumas substâncias relevantes presentes em medicamentos controlados foram estudadas: sibutramina (inibidora de apetite), fluoxetina (antidepressivo), femproporex (anorexígeno), anfepramona (anorexígeno), metilfenidato (estimulante do sistema nervoso central) e mazindol (anorexígeno), entre outras.

A escolha dos primeiros remédios analisados levou em conta o fato de o Brasil ter sido apontado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) por dois anos consecutivos como o maior consumidor de medicamentos com finalidade emagrecedora. Além disso, a periculosidade foi observada. O Cloridrato de Sibutramina, por exemplo, foi proibido nos países da comunidade européia e, também, sua restrição com exigência de alertas nas bulas foi aumentada nos Estados Unidos.

Cloridrato de Fluoxetina

Um indício do desvio de uso de medicamento de tarja preta pode ser apontado em uma pesquisa realizada em 13 farmácias de manipulação e 27 drogarias da cidade de Santo André, SP. Segundo a pesquisa, do
 total de receitas especiais (RE) analisadas 39.782, 16.124 foram coletadas das farmácias magistrais e 23.658 das drogarias. Desses totais, 10.919 prescrições continham fluoxetina – 9.259 provenientes das farmácias magistrais (84,8%) e apenas 1.660 (15,2%) das drogarias. As prescrições de fluoxetina eram predominantemente destinadas a mulheres (79,8%). Na imensa maioria das RE, a fluoxetina foi prescrita em associação com um grande número de outras substâncias ativas, inclusive anfetaminas anoréticas, chegando a mais de dez outras em quase a metade das prescrições. Esse tipo de prescrição múltipla, principalmente para mulheres, sugere a utilização do medicamento para uma finalidade estética (perda de peso e não terapêutico como a depressão). Fonte: Relatório do SNGPC/ANVISA


"A maioria destes medicamentos causa dependência física e ou psíquica e tem um enorme número de efeitos colaterais, como constipação, insônia, alucinações, taquicardia, dificuldade para dirigir veículos e operar máquinas, hipertensão arterial e até episódios de esquizofrenia", explica Márcia.

Especialistas apontam a vontade de buscar soluções rápidas como a principal responsável pelo consumo desenfreado desses medicamentos, como se o remédio fosse uma fórmula mágica capaz de acabar rapidamente com dores emocionais, eliminar aqueles quilos a mais, fazer dormir e despertar.

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