Por Dr. Cláudio Crispi e Dr. Marco Aurelio P. de Oliveira
Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e que consiste na presença de endométrio em locais fora do útero. O endométrio é a camada interna do útero, que se renova mensalmente pela menstruação.
Quais os locais mais atingidos pela Endometriose?
Os locais mais atingidos pela endometriose são: ovários, fundo de saco de Douglas (atrás do útero), fundo de saco anterior (à frente do útero), ligamentos do útero, trompas, septo reto-vaginal (tecido entre a vagina e o reto), superfície do reto, bexiga e parede da pelve.
Qual a importância dessa doença?
A endometriose afeta a vida das mulheres de várias formas. A vida conjugal, por exemplo, pode ser prejudicada pelas queixas de dor na relação sexual e pela ausência de gravidez, após um ano de atividade sexual sem o uso de métodos contraceptivos (camisinha, pílulas anticoncepcionais, DIU, diafragma, dentre outros). Por outro lado, problemas sociais e no trabalho costumam ocorrer pelas queixas constantes de cólica menstrual, dor no baixo-ventre e nas costas.
A Endometriose é uma doença frequente?
A endometriose é uma doença mais frequente do que se imagina. Estima-se que 15% das mulheres entre 15 e 45 anos de idade possuem essa doença. Esse percentual sobe para até 70% quando a mulher apresenta história de infertilidade ou dor pélvica.
Como a Endometriose aparece?
No momento da menstruação, parte do sangue eliminado passa pelas trompas e cai dentro do abdome. Esse sangue contém células que têm a capacidade de crescer em locais como o ovário. Quando o sistema imunológico responsável pela defesa do organismo não consegue eliminar essas células, a doença endometriose se estabelece.
É possível prevenir a Endometriose?
O estabelecimento da endometriose necessita da presença da menstruação. Assim, qualquer tratamento que consiga bloquear a menstruação por tempo prolongado pode impedir ou dificultar o surgimento da doença. Existem alguns medicamentos hormonais que são normalmente usados para esse fim. Nas mulheres que já tenham o diagnóstico de endometriose é importante o conceito da prevenção secundária, ou seja, impedir ou dificultar o avanço da doença.
Como é feito o diagnóstico?
A presença da endometriose pode ser suspeitada pela história clínica, pelo exame ginecológico e por alguns exames, como a dosagem do Ca-125 no sangue (costuma estar acima de 35 U/ml nos casos mais avançados) e a ultra-sonografia (USG). Após a USG pode ser realizada a Ressonância Nuclear Magnética (RNM) da pelve para o diagnóstico da endometriose profunda. A certeza, porém, só pode ser dada através da biópsia feita durante a cirurgia. A cirurgia mais indicada é a videolaparoscopia, que consiste na introdução de uma microcâmera através de um pequeno corte no umbigo e na manipulação da cavidade abdominal através de instrumentos cirúrgicos delicados que são introduzidos através de pequenos orifícios no abdome.
Aspectos gerais do tratamento da Endometriose
Existe cura para a Endometriose?
A endometriose não é um câncer e não leva à morte. Porém, não se pode garantir a cura definitiva da doença mesmo com o tratamento adequado. A base do tratamento é cirúrgica (muitas vezes no próprio momento do diagnóstico, durante a videolaparoscopia) e pode ser complementada por medicações hormonais.
Atualmente, embora ainda não exista cura para a endometriose, a dor e os sintomas da doença podem ser bastante reduzidos. Há, ainda, certo consenso de que o pior a fazer é não fazer nada já que a doença pode ser evolutiva.
Quais as principais metas do tratamento?
As principais metas do tratamento são:
• Aliviar ou reduzir a dor
• Diminuir o tamanho dos implantes
• Reverter ou limitar a progressão da doença
• Preservar ou restaurar a fertilidade
• Evitar ou adiar a recorrência da doença
Quais as variáveis que interferem na escolha do tratamento?
O tratamento deve ser individualizado. Uma das principais variáveis na escolha do tratamento é a presença da infertilidade. Os tratamentos hormonais costumam ser eficazes no controle da dor, porém na mulher que deseja gestar os hormônios não ajudam (não aumentam a chance de gravidez). A idade da mulher é fundamental, pois sabemos que quanto maior a idade, menor a chance de gravidez. Mulheres acima de 37 anos não podem perder tempo e não devem adiar muito a laparoscopia ou a fertilização in vitro, dependendo de cada caso. Nos casos de dor que não respondem aos tratamentos hormonais, a cirurgia pode ser necessária, especialmente se envolver órgãos nobres como a bexiga, ureter, rins ou intestino.
Qual o tratamento indicado para as pacientes com formas leves
e graves que não pretendem engravidar?
O tratamento da endometriose, hoje, depende de uma avaliação cuidadosa de cada caso, e de um “bate-papo” sincero entre o médico e a paciente, que resolverão juntos o caminho a ser seguido.
O mais importante no tratamento da endometriose é o planejamento das ações terapêuticas que, por sua vez, deve estar em comum acordo com o planejamento da gravidez pelo casal.
Qual o tratamento recomendado para as pacientes com formas
leves e graves da doença e que desejam engravidar?
Nessas pacientes, o tratamento cirúrgico pode representar a única solução. Em casos muito graves, a gravidez só será possível através de técnicas de reprodução assistida, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro.
E como pode ser realizado o tratamento cirúrgico?
O tratamento cirúrgico pode ser feito através da laparoscopia (preferencialmente) ou da laparotomia. Os implantes da endometriose podem ser destruídos pela energia do laser, coagulação bipolar (cauterização) ou retirada com a tesoura.
A cirurgia é normalmente bem sucedida?
A maioria dos sucessos terapêuticos ocorre após uma primeira cirurgia bem planejada. Cirurgias repetidas podem ser necessárias, especialmente quando a primeira foi incompleta. Nestes casos, o risco cirúrgico é mais elevado e o resultado pode ser prejudicado pela formação de aderências entre os órgãos.
A mulher precisa de acompanhamento após o tratamento clínico e/ou cirúrgico?
Sim, a mulher deve permanecer em acompanhamento médico regular, pois mesmo após o tratamento pode ocorrer um retorno da endometriose.
CENTROS DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO
• Hospital Universitário Pedro Ernesto - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Av 28 de setembro, 77 – Vila Isabel - Tel: (21) 2587-6100 - Site: www.hupe.uerj.br
Av 28 de setembro, 77 – Vila Isabel - Tel: (21) 2587-6100 - Site: www.hupe.uerj.br
• Instituto Fernandes Figueira
Av Rui Barbosa, 716 – Flamengo - Tel: (21) 2554-1700 - Site: www.iff.fiocruz.br
Av Rui Barbosa, 716 – Flamengo - Tel: (21) 2554-1700 - Site: www.iff.fiocruz.br
E-mail: faleconosco@fiocruz.br
CENTROS DE REFERÊNCIA EM SÃO PAULO
• Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia
Setor de Endoscopia Ginecológica
Ambulatório de Endometriose
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia
Setor de Endoscopia Ginecológica
Ambulatório de Endometriose
• Fundação e Faculdade de Medicina do ABC
Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher
Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher
R. Barão do Rio Branco 27 - São Bernardo do Campo – SP
Tel: (11) 4127-1501
Tel: (11) 4127-1501
E-mail: duvidas.rephumana@fmabc.br
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OS AUTORES
Dr. Cláudio Crispi (CRM 52.39881-6)
· Coordenador Geral da Pós-Graduação em Videoendoscopia Ginecológica do Instituto Fernandes Figueira (Fundação Oswaldo Cruz)
· Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia - Capítulo Rio de Janeiro
· Responsável pelo Serviço de Endoscopia do Hospital São Vicente de Paulo RJ
· 2º Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia (SOBRACIL)
· Autor do Tratado de Videoendoscopia Ginecológica (Atheneu, 2007)
· Membro da AAGL (American Association of Gynecologic Laparoscopists)
Dr. Marco Aurelio P. de Oliveira (CRM 52.52422-7)
· Professor Adjunto e chefe da disciplina de Ginecologia da UERJ
Chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto
Chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto
· Mestre em Cirurgia pela UFRJ
· Doutor em Epidemiologia pela UERJ
· Coordenador Científico da Pós-Graduação em Videoendoscopia Ginecológica do Instituto Fernandes a Figueira (Fundação Oswaldo Cruz)
· Presidente da Comissão Nacional Especializada de Laparoscopia da FEBRASGO
· Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO
· Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia - Capítulo Rio de Janeiro
· Autor do 1º livro de Cirurgia Laparoscópica em Ginecologia publicado no Brasil (Revinter, 1995)
· Membro da AAGL (American Association of Gynecologic Laparoscopists)
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