sexta-feira, 11 de março de 2011

Orientação para Pacientes com Hérnia Inguinal

O que é uma hérnia inguinal?

Hérnia é a protusão (saliência ou abaulamento) de parte do conteúdo intra-abdominal que podem ser tecido adiposo, alças de intestino grosso ou intestino delgado através de um orifício na parede da região inguinal que pode ocorrer em um lado ou ambos os lados. Elas podem ser congênitas, por um erro do fechamento da região inguinal que ocorre logo após o nascimento ou podem ser adquiridas em qualquer fase da vida.


A hérnia inguinal é uma doença bastante comum. Cerca de 15% das pessoas são portadoras de hérnia na região inguinal. Qualquer pessoa pode ter hérnia inguinal, mas algumas têm maior propensão de adquiri-las, como:
  • Idade. Apesar de a hérnia inguinal poder ocorrer em qualquer idade, de recém-nascidos até idosos, ela é mais freqüente nos extremos da vida do que no adolescente ou adulto jovem. É mais freqüente no recém-nascido por um defeito congênito (de nascença) e nos idosos por enfraquecimento dos tecidos (músculo) da parede abdominal.
  • Homem. A hérnia inguinal é muito mais freqüente no sexo masculino do que no feminino.
  • Doenças associadas. A hérnia inguinal é mais freqüente em trabalhadores braçais e em pessoas que têm algumas doenças, constipação intestinal crônica, obesidade, tabagismo, doenças da próstata, do pulmão, coração ou fígado. Estas doenças geralmente aumentam a pressão intra-abdominal facilitando a ocorrência das hérnias.
Por que ocorre a hérnia inguinal?

Algumas pessoas nascem com defeito congênito, em que existe uma fraqueza em vários pontos da região inguinal. Algumas condições adquiridas ao longo da nossa vida também podem enfraquecer a parede abdominal na região inguinal e assim facilitar o aparecimento das hérnias.

Quais são os sintomas da hérnia inguinal?

As pessoas que têm hérnia inguinal são geralmente capazes de observar uma saliência ou abaulamento na região inguinal (virilha) de um ou dos dois lados. Esta saliência fica embaixo da pele e se torna mais evidente quando a pessoa tosse, ergue peso ou faz força. Muitas pessoas também sentem desconforto ou dor fraca ou até forte quando fazem esforço físico excessivo.

A hérnia tende a aumentar de tamanho com o passar do tempo. Após alguns meses ou anos, a hérnia pode aumentar de volume e em algumas pessoas pode comprometer até a bolsa escrotal.
A hérnia inguinal pode complicar?

A complicação mais temida da hérnia é o estrangulamento ou encarceramento, que ocorre quando o intestino fica retido no interior do saco herniário, não podendo mais retornar para a cavidade abdominal e, se não tratado com urgência, sofre estrangulamento por diminuição da circulação sanguínea, o que pode acarretar a necrose do segmento de alça intestinal que estiver retido nesta posição anormal. Esta complicação pode ocorrer tanto em pessoas com diminutas hérnias até aqueles que apresentam hérnias volumosas por longos períodos. O estrangulamento provoca cólicas, distensão abdominal e o aumento da dor com a progressão do quadro. O intestino para de funcionar e o paciente pode apresentar perda do apetite, náuseas e vômitos.

Se você apresentar estes sintomas não perca tempo, procure um especialista.


Lembre-se! O uso de cintas, suspensórios ou fundas é desaconselhável, podendo mesmo ser prejudicial pela compressão inadequada da porção intestinal que estiver no interior do saco herniário.

Diagnóstico

O exame da região inguinal pelo médico é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hérnia em praticamente todos os pacientes. Este inicia-se pela detalhada obtenção da história clínica, do exame físico além do exame de ecografia para determinar a presença de qualquer segmento herniário que o paciente possa apresentar na parede da região inguinal.

É sempre importante examinar a região inguinal em ambos os lados, pois não é rara a ocorrência de hérnias bilaterais, mesmo sem sintomatologia.

Tratamento

A única forma de tratamento de uma hérnia inguinal sintomática é cirúrgica. Esta operação é muito simples, desde que o paciente não apresente outras doenças que não tratadas podem contra indicar o procedimento.

Existem duas formas de realizar o tratamento cirúrgico da hérnia inguinal:

Herniorrafia através da videocirurgia

Através da videolaparoscopia que é considerada uma técnica minimamente invasiva, que tem a grande vantagem da redução da dor pós-operatória, ausência de incisões convencionais e praticamente ausência de recidivas com retorno rápido as atividades laborais. É hoje considerada a técnica de padrão ouro das hérnias inguinais.



A operação de hérnia inguinal por videocirurgia ou também conhecida como "operação dos furinhos" é realizada através de apenas 3 pequenos furos de meio e um centímetro. Não é necessário fazer um corte grande no abdômen. Se houver hérnia dos dois lados, o tratamento das duas hérnias é feito através dos 3 furos, sem a necessidade de furos adicionais.

O cirurgião e a sua equipe podem visualizar a hérnia em uma televisão. A hérnia e o defeito na parede abdominal são filmados por uma pequena câmara colocada através de um dos furos.


 
Herniorrafia através de um corte 


Tension-free, empregada especialmente em pacientes que tem cirurgias abdominais prévias onde a vídeolaparoscopia não pode ser realizada com segurança. Diferencia-se da anterior pois é realizada através de uma pequena incisão cirúrgica, que permite que o procedimento seja realizado apenas sob anestesia local e uma leve sedação, com os mesmo resultados. 
A hérnia é empurrada para dentro do abdômen (barriga) e a abertura (buraco ou fraqueza) da parede abdominal é fechada com uma tela bastante resistente.


Vantagens da Operação
  • Realizada apenas com 3 diminutas punções na parede abdominal por onde são introduzidos uma microcâmera de vídeo de alta resolução além de outros instrumentos, que são necessários para a correção do defeito herniário.
  • Recuperação rápida do paciente, os pacientes ficam internados no hospital menos de 6 horas e podem retornar ao trabalho em apenas 1 semana, além da vantagem adicional de poder realizar a correção das hérnias bilaterais simultâneamente.
  • Diminuição expressiva da dor pós-operatória.
  • Aspecto estético considerável.
  • Risco de infecção desprezível.
Todos os pacientes com hérnia inguinal precisam operar?

Todas as pessoas com hérnia inguinal, independente da idade, devem ser operadas, com exceção dos que têm outras doenças graves e que apresentam risco cirúrgico elevado.
Complicações

Apesar dos resultados do tratamento cirúrgico serem excelentes, alguns pacientes podem ter complicações, como em qualquer procedimento cirúrgico. As complicações mais comuns são hematoma (coleção de sangue), retenção urinária (impossibilidade temporária de urinar) e risco anestésico, em pacientes portadores de doenças graves associadas.

Orientações Pós-Operatórias

A recuperação da operação é geralmente muito rápida e a maioria dos pacientes retorna as suas atividades normais em poucos dias.

Os pacientes recebem orientação nutricional para os primeiros sete dias, bem como a prescrição medicamentosa para o período pós-operatório.

Os cortes ou furinhos são fechados com pontos e cobertos com curativo (micropore). É raro que ocorra hematoma ("azulado" ou "roxo") ou pequenos sangramentos. Nesses casos, o micropore não deve ser retirado, a menos que o seu médico oriente neste sentido.

Pacientes operados de hérnia inguinal devem evitar ficar muito tempo deitados ou sentados. Devem, ao contrário, caminhar várias vezes ao dia, andando e subindo escadas, lentamente. Em geral, após sete dias de operados, os pacientes podem retomar atividades como dirigir ou carregar pesos não excessivos.