domingo, 15 de novembro de 2009

Vacina Anti Crack e Cocaína: Um caminho pra cura?

A vacina contra a cocaína e o crack, desenvolvida em 1996, entra na terceira e última fase de experimentação humana. Essa fase é dedicada a estudos comparativos sobre a eficácia da vacina preparada pela Immunologic Pharmacological Corporation. A licença para a comercialização foi solicitada pelo grupo britânico Xenova.

Segundo o laboratório produtor, a vacina é composta por uma molécula de cocaína, ácido carbônico e uma proteína transportada da toxina da cólera asiática.

Na segunda fase experimental, 35 norte-americanos usuários de cocaína receberam quatro aplicações de 400 microgramas e, nos seus organismos, verificou-se a formação de anticorpos anti-cocaína. Os anticorpos aderem à cocaína ingerida que ingressa na corrente sanguínea. Com a fixação, ocorre um bloqueio, que impede sua passagem para o cérebro. Os pesquisadores afirmam que a vacina reduz o uso da droga aumentando o nível de anticorpos contra a cocaína, o que a deixa inativa antes de alcançar o cérebro e produzir o efeito de euforia.

Foram animadores os resultados colhidos nesta fase, pois 75% dos 35 vacinados se desintoxicaram - ficaram "limpos" -, em 12 semanas. Dos submetidos à vacinação, 88% falaram de redução da euforia provocada pela ingestão da cocaína.

A experiência alcançou 114 dependentes de crak (cocaína sólida, de efeito mais rápido, através do fumo). Passadas 12 semanas e em face do uso das quatro doses da vacina, 30% dos testados não apresentavam resíduo de cocaína na urina.

Para os especialistas, tudo indica que a eficácia da vacina ficará comprovada e, em breve, o produto será colocado no mercado.

Durante o ensaio clínico de seis meses conduzido por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale e do Baylor College of Medicine, 38% dos pacientes vacinados produziram um nível de suficiente de anticorpos para bloquear os efeitos da droga.


Os efeitos da vacina, no entanto, não persistiram por mais de dois meses. “Um ótimo tratamento necessitaria, sem dúvida, de vacinações repetidas para manter o nível de anticorpos adequado”, escrevem os autores do estudo, publicado neste mês na revista científica Archives of General Psychiatry.
O principal autor da pesquisa, Thomas Kosten, trabalha na busca de uma vacina contra os efeitos da cocaína há quinze anos. “Há quinze anos, todo mundo dizia que era impossível produzir anticorpos contra pequenas moléculas como esta”, disse Kosten. O ensaio clínico foi realizado com 115 dependentes de cocaína, 58 das quais receberam a vacina e 57 foram tratadas com placebo – uma substância inerte.  No grupo, o consumo da droga caiu e algumas pessoas deixaram de usá-la.




Thomas R. Kosten, M.D. é Doutor de Psiquiatria e Neurociência da Baylor College of Medicine e ex-chefe da Psiquiatria da Universidade de Yale. Ele é Diretor de Pesquisas da  Quality Enhancement Research Initiative (QUERI) e fundador da Divisão de Abusos de Substâncias Químicasda Baylor e Yale.